Vem aqui em casa, mas
vem rápido. Eu já abri o vinho, já soltei o blues preso dentro de mim. Vem
depressa, pois o diabo que está solto em breve voltará para a prisão. O som do
contrabaixo a perpetuar sensações orgásticas, o saxofone que afoito rasga a
noite. Mas vem amor, eu realmente já abri o vinho. E eu já me abri para você
Quando você vem meu
amor, te faço de cobertor. Uma segunda pele sobreposta a minha, me preenchendo
nos lugares mais improváveis. A tua língua desbravando meu sexo, teu peito
arfando sobre o meu, teu suor escorrendo em gotas tão perfeitas quanto
possível. O blues continua, meu amor. Continua a penetrar na nossa carne com
destreza e eficácia. Você geme, você morde, você goza. Não sei se é Louis
Armstrong ou se é a Ella Fitzgerald, ou os dois juntos. Mas nossas vozes se
juntam com as deles, e num coral rouco e perfeito, atingimos um patamar tão
magnífico de maestria que não haverá de se repetir.
O vinho pode ter
acabado, meu amor. O blues pode estar soando seus últimos acordes. Mas você
quer mais, e como um leão ainda faminto, me devora aos pedaços. E eu dou.
Dou-me. E você me dá. Abro mais vinho, peço mais blues. E a nossa noite apenas
começa.