sábado, 23 de janeiro de 2016

Signo & Ascendentes

A lembrança queima como ferro em brasa, meu amor. O prazer doado e aceito naquele doce amanhecer me vara os dias como uma flecha incendiária num milharal. Teu olhar de "sabe tudo", teu sorriso enviesado, cabelos negros como a noite que acabava de findar, juntos numa dança perpétua em minha memória. E dói, meu querido. Dói bastante. Porque eu tenho quase certeza que isso não vai se repetir, que aquilo que houve entre nós talvez seja mais uma lembrança pra você. Mais uma foda com um homossexual qualquer. Mas pra mim não, pra mim jamais. 

Acredito que isso não seja amor. Ainda não sinto as mazelas desse horrível penar. Mas meu signo solar e meu ascendente me delatam, e você é esperto o suficiente pra saber que é arriscado demais permanecer por perto. O seu próprio signo também denuncia seu desprezo por relacionamentos (se é que posso me confiar nisso), mesmo embora lá no fundo eu acredite que você também seja mais um a procurar o homem certo.

Foi denso e foi leve, sutil e delicado como uma brisa. Tuas mãos hábeis, meu receio em avançar, nossas bocas se fundindo num festim sensual, balançando como as ondas do mar que estava à um palmo de distância de nós, também vimos enfim o nascer do sol. E do contrário do que se anunciava, o nascer do dia, a noite infelizmente tinha terminado. E enfim você foi embora. E eu dormi o sonho dos justos, com o coração mais alegre e leve.

Mas também temendo, temendo meu maldito signo solar e meu maldito ascendente. E como eu te temo também. A lembrança é boa demais para ser apagada ou ignorada. O que posso fazer é sentar e lembrar. E mais uma vez voltar pra aquele doce amanhecer.

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