E então, de um momento para outro, decidiram ir para
Amsterdã. Não sabiam como, não sabiam o porquê, mas iriam. Rapidamente foram ao
caixa eletrônico, sacaram todo o dinheiro. Pegaram as malas, colocaram o que
achavam essencial. Entraram em contato com uma agência de turismo, procurando
saber o melhor roteiro. E o mais barato.
Ligaram pros pais, que não conseguiram entender quase nada.
Disseram apenas que iriam para Amsterdã e que dentro de uma semana estariam de
volta. Os pais não tiveram como proibir. Afinal, eram de maiores e tinham o dinheiro.
Pediram para que eles tivessem cuidado e que ligassem todo dia.
Após toda essa burocracia, rumaram para o aeroporto. O voo
partiria dali à uma hora. Nem deu tempo de ligar pros amigos. Estavam tão
ansiosos que nem disso se lembraram. Eles não haviam parado para pensar nessa
tão repentina decisão. Queriam ir para Amsterdã, queriam fazer alguma coisa lá.
Não eram adeptos a maconha, não planejavam transar em praça pública. Naquele
momento parecia que uma força inexplicável os puxava pra lá. E eles não queriam
saber a origem dessa força. Queriam apenas consumá-la.
Mas a caminho do aeroporto, um acidente aconteceu. Um
caminhão atingiu em cheio o táxi que estavam. Capotaram no meio da avenida,
batendo em outros carros. O taxista morreu na hora, com um pedaço de ferro
atravessado no peito. Ela parecia que também estava morta, pois não respondia
os chamados desesperados dele. E ele, com a perna quebrada, gritava ao mesmo
tempo por ajuda e pela sua amada. Então aos poucos foi perdendo a consciência.
Via pessoas do lado de fora tentando ajudar, mas elas pareciam tão distantes.
Ele colocou a mão na cabeça, e percebeu que sangrava profusamente. As pessoas
notaram isso também e pediam um médico. Ele as olhava com uma cara boba, de
como soubesse que as coisas ficariam bem. Fechou os olhos, imaginando a
Amsterdã. Os dois iriam para lá. Sim, estavam quase chegando.
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