quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Cicatrizes

Oh meu bem, os dias de felicidade plena se foram com tua ida. Os cortes em meus braços se abrem toda que vez que penso em você, em quão felizes éramos.

A dor invade o meu ser. A DOR INVADE O MEU SER. A DOR IN-VA-DE O MEU SER.

Onde está você meu amor? Apareça meu amor. A faca está brilhando sinistramente, como se me tentasse...

Na primeira vez, não foi fundo o suficiente.
Na segunda vez, foi razoavelmente fundo.
Na terceira vez, atingiu enfim a minha veia.

O sangue está saindo aos borbotões. Está manchando o papel. Onde está você meu amor?
Não sei como tenho força suficiente para continuar a escrever, mas sei que logo perderei a consciência.
                                                                     



Há dois dias acordei no hospital. Você não veio me visitar. Não importa o quão ridículo foi meu ato, mas custa se importar? Agora vejo que fui tolo por me apaixonar por alguém tão tosco e tão pobre de espírito como você.

Já estou em casa há dois dias, e você ainda não veio me visitar. Melhor assim.
Olha que interessante. Um pássaro fez seu ninho na minha janela, não mais na nossa janela.
Os cortes estão se cicatrizando, e temo que fiquem marcas. As marcas que me refiro são aquelas ocultas no lugar que só você tinha permissão.

Um mês, e você mal falou comigo. Que triste não? Não, talvez não seja mais tão triste assim.
As feridas ainda pulsam e a dor ainda permanece, mas enfim trunfo sobre loucura e na angústia, pondo fim ao reinado do amor.


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