quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Flores

Ela era tão correta e tão bonita, com seus princípios e sua atitude. Nada parecia abalá-la, nem mesmo os dias ruins. Sempre esbanjava alegria e falava com todos, do menino ao velho. Todos gostavam dela. No verão, imitava Gabriela e colocava uma flor na orelha. Felicidade não lhe faltava.

Mas eis que de repente ela parou de sorrir. Passava na rua, cabisbaixa, nem sequer olhando pros vizinhos. Estes estranharam, e ficavam frustrados quando ela não respondia nem mesmo o “bom dia”. Ela não mais usava a flor, ela não mais sorria, ela não mais espalhava alegria.

Enforcada com o lençol foi assim que sua mãe a encontrou. A vizinhança em peso compareceu ao seu velório. Deus, que parecia sofrer também, mandou uma chuva forte e escureceu os céus. As flores pareciam ter murchado. Os pássaros não cantaram naquele dia. Muito se especulou o motivo de sua morte. Ninguém compreendia, e talvez nem quisessem compreender.


Então sua mãe achou uma carta, com a caligrafia da filha. Nela estava escrito o motivo do suicídio. Um amor não correspondido. A mãe, com os olhos vermelhos de tanto chorar, olhou para janela. Num vaso, havia uma flor.

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