Ela era tão correta e tão bonita, com seus princípios e sua
atitude. Nada parecia abalá-la, nem mesmo os dias ruins. Sempre esbanjava
alegria e falava com todos, do menino ao velho. Todos gostavam dela. No verão, imitava Gabriela e colocava uma flor na orelha.
Felicidade não lhe faltava.
Mas eis que de repente ela parou de sorrir. Passava na rua,
cabisbaixa, nem sequer olhando pros vizinhos. Estes estranharam, e ficavam
frustrados quando ela não respondia nem mesmo o “bom dia”. Ela não mais usava a
flor, ela não mais sorria, ela não mais espalhava alegria.
Enforcada com o lençol foi assim que sua mãe a encontrou. A
vizinhança em peso compareceu ao seu velório. Deus, que parecia sofrer também,
mandou uma chuva forte e escureceu os céus. As flores pareciam ter murchado. Os
pássaros não cantaram naquele dia. Muito se especulou o motivo de sua morte.
Ninguém compreendia, e talvez nem quisessem compreender.
Então sua mãe achou uma carta, com a caligrafia da filha.
Nela estava escrito o motivo do suicídio. Um amor não correspondido. A mãe, com
os olhos vermelhos de tanto chorar, olhou para janela. Num vaso, havia uma
flor.
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