Quarta, 2 de outubro
Eu talvez não tenha as
respostas que ela procura. Talvez apenas ela esteja procurando um ombro amigo,
onde poderia confiar seus lances obscuras. Ela sabe que eu não me impressiono
fácil. Ela sabe que me pode dizer suas noites de êxtase. Mas existe um segredo
aí, algo podre demais a ser dito.
Se após tantas
cervejas e caipirinhas ela não confessar isso, ficarei desapontado. Acho que
não passo confiança. Sou eu o maior incentivador dessa sua maior loucura. O
único, a saber, de tal delírio. Mas ela não confia em mim. Eu sinto isso. Eu
vejo isso.
E quando a chuva cair
tão impiedosa nesta capital, eu lhe direi o quão a estimo. Mas não há nada de
sexual aí. Só quero que ela sinta que estou sendo eu. Que enfim encontrei
alguém que não me desapontarei. Alguém que, enfim, amo essa amizade com todo o
coração.
Hermes ergueu-se do sofá, e tentou esboçar um sorriso. Para
quê, ou para quem, ele não sabia.
Do outro lado da cidade, Mel pôs a pensar. Pensar que talvez
Hermes não fosse tão estúpido assim. E então ela pôs sorrir.
E ela sabia, ao menos, para quê.
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